Teatro de Bonecos

O teatro de bonecos é a arte de “dar vida” a seres inanimados fazendo com que esses apresentem atitudes humanas em cena e assim o teatro cumpra sua função artística, como uma crítica ou exposição da realidade social.

Com esse intuito crítico é destacada uma das fortes características desse teatro, a impessoalidade, que se deve ao fato de serem bonecos e por escracharem aparências e atitudes, não tendo assim personalidade. Essa consequência se deve ao fato de não possuírem expressões faciais e não induzirem o público a pensar na história de vida do personagem, como naturalmente uma pessoa atuando o faz, sendo assim, dão uma conotação mais momentânea para a peça. Perante esse viés artístico crítico ressaltamos que teatro de bonecos não é restrito a peças infantis.

Além da magia primitiva e da instigação criativa, o teatro de bonecos tem vantagens que mantêm viva essa arte e não a torna obsoleta, como a portabilidade e duração do elenco, ou seja, o transporte dos bonecos é fácil e não necessita de hospedagem, também não estragam facilmente nem envelhecem, o que propicia vida útil longa.

Um artista manipulador pode interpretar vários personagens em uma peça, sem desprender muito tempo para troca de caracterização, pois a troca de boneco é rápida. Nessa circunstância, a preocupação está no desgaste e tempo de caracterização vocal do artista, pois o que provoca emoções e dá expressão aos bonecos são as vozes e os pequenos gestos possíveis através da manipulação.

Os bonecos foram aos poucos sendo aperfeiçoados e, com o domínio técnico na fabricação, cada vez mais esses se assemelhavam a figura humana, possibilitando então a criação de figuras caricaturadas ou a materialização de figuras fictícias, mas sem perder a fundamental característica de possuir um ou mais manipulares e não possuir mecânica autônoma, assim são também chamados de títeres.

O teatro de bonecos chegou ao Brasil com a tradição do teatro de fantoches e teve grande repercussão e divulgação no país, principalmente no Nordeste. Esse é apenas um exemplo dentre os tipos de títeres, os fantoches ou bonecos de luva são para serem vestidos nas mãos, dessa forma normalmente não há pernas e, quando existem, essas são inanimadas.

Também há os bonecos de vara, os quais possuem hastes para manipular os bonecos por baixo, alguns desses tem pernas e exigem ao menos uma pessoa por boneco. Ao contrário desses últimos, existem as marionetes que são manipuladas por fios vindos de cima, esse títere é o mais delicado em performance e, conforme o aumento da quantidade de fios, os movimentos do boneco se tornam mais delicados e humanizados.

Luciana Moretti Angelo