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Nascimento: 5 de maio de 1865, Brasil.
Falecimento: 19 de janeiro de 1958, Rio de Janeiro.
Marechal Rondon – Vida
Cândido Mariano da Silva Rondon nasceu a 5 de maio de 1865, em Mimoso,, Mato Grosso.
Filho de Cândido Mariano da Silva e Claudina de Freitas Evangelista da Silva, ficou órfão aos dois anos de idade, sendo educado pelo avô e um tio, que lhe outorgou o sobrenome “Rondon”.
Mostrando interesse pelo carreira militar, aos 16 anos ingressou na Escola Militar da Praia Vermelha.
Desde então, pautou sua vida à duas causas mestras: a ligação dos mais distantes pontos da fronteira e do sertão aos centros urbanos do país e a integração do indígena à civilização.
Rondon era descendente de bandeirantes paulistas e corria em suas veias o sangue indígena. Por isso se empenhou em associar o trabalho de desenvolvimento das Comunicações à tarefa de proteção dos povos indígenas entre os estados de Goiás, Mato Grosso e Acre, esta última, que ele próprio solicitou para si.
Graças a seus méritos, consegue a pacificação dos Guanás, Bororós, Parecis, Cavaleiros e Oficiés, com suas mensagens de paz e prosperidade.
Funda o Serviço de Proteção aos Índios, em 1910, que conhecemos hoje como FUNAI. Em 1952 sugere a criação do Parque Nacional do Xingu, consumado em 1961.
Merecidamente, em 1955, Rondou recebeu o título de marechal. Faleceu no Rio de Janeiro, aos noventa e dois anos, em 19 de janeiro de 1958.
Tal foi o pioneirismo de Rondon nas atividades de comunicações que o credencia para Patrono das Armas de Comunicações, através do Decreto nº 51.960, de 26 de abril de 1963.
Sua dedicação e tenacidade junto às populações índigenas tornou a sensibilizar a sociedade brasileira, por ocasião de seu falecimento, ganhando adeptos desejosos de manter o seu legado com força e frutificar.
Em 1967, com o objetivo de levar estudantes universitários à região Norte, para propiciar o intercâmbio de culturas e prestar serviços voluntários aos índios e à população local, foi criado no Rio de Janeiro o Projeto Rondon, mantendo-se atuante até 1988, quando foi extinto.
A Associação Nacional dos Rondonistas, se transformou em organização não-governamental – ONG, está em fase de reaquecimento e pretende retomar o intercâmbio.
O primeiro passo foi dado com a criação do Projeto Comunidade Solidária, em 1994, mas muito deve ser feito, ainda.
A herança que Marechal Rondon nos deixou é uma história e um exemplo de, respeito e amor à nação brasileira e aos povos indígenas.
Marechal Rondon – Biografia
Ainda não se escreveu a biografia que a rica vida do Marechal Rondon merece.
O sonho de ver o país exibindo ares do chamado primeiro mundo, parece fazer com que aqui só se percebam o valor dos brasileiros responsáveis pelos processos de industrialização. Nesses casos, várias e merecidas biografias já foram escritas. Para o desbravador desses rincões, para o grande ator da luta pela recuperação da dignidade dos nossos irmãos índios, ainda falta alguém com o talento e a determinação do velho Marechal.
Estas notas servem apenas divulgar alguns fatos importantes da vida deste grande brasileiro, um dos mais populares personagens das primeiras décadas do século passado, e então, um dos poucos brasileiros de renome internacional.
Ele é a personalidade mais significativa da história desta região onde se formou o Estado de Rondônia, nome dado em sua homenagem.
Cândido Mariano da Silva Rondon nasceu em Mimoso, Mato Grosso, em 5 de maio de 1865.
Órfão desde os dois anos, viveu com os avós até os sete, quando mudou-se para Cuiabá onde passou a viver com um tio e iniciou seus estudos. Aos 16 anos foi diplomado professor primário (ensino fundamental) pelo Liceu Cuiabano.
Em seguida ingressou na carreira militar como soldado do 3º Regimento de Artilharia a Cavalo.
Pouco depois mudou-se para o Rio de Janeiro onde, em 1883, matriculou-se na Escola Militar. Em 1890, recebeu o diploma de bacharel em Matemática e Ciências Físicas e Naturais da Escola Superior de Guerra do Brasil. Ainda estudante, teve participação nos movimentos abolicionista e republicano.
Formado, foi nomeado professor de Astronomia e Mecânica da Escola Militar, cargo do qual afastou-se em 1892.
Ainda em 1892, em 1º de fevereiro, casou-se com D. Francisca Xavier, com quem teve sete filhos, e foi nomeado chefe do Distrito Telegráfico de Mato Grosso. Foi então designado para a Comissão de Construção da linha telegráfica que ligaria Mato Grosso e Goiás.
Esta primeira missão marcaria para sempre a vida do jovem oficial, e de todo o país que ele serviu com amor, serenidade e senso de justiça.
O novo governo republicano estava preocupado com o grande isolamento das regiões mais ocidentais do país, particularmente nas fronteiras com o Paraguai e Bolívia, por isso decidira construir linhas telegráficas que melhorassem as comunicações com o centro-oeste e o longínquo norte.
Rondon foi o mais importante dos sertanista que desbravaram estes rincões, abrindo caminhos, lançando linhas telegráficas, registrando sua topografia, descobrindo rios, estudando a flora e a fauna, mas, principalmente, estabelecendo relações respeitosas e desmistificando a imagem de violentos, assassinos e até antropófagos, que se construíra em torno dos primitivos habitantes destas terras: os índios.
Foi sua visão humanista que permitiu que as missões de desbravamentos e construções fossem realizadas em paz, sem combates fratricidas, e que não fosse assim poderiam transformar-se em missões genocidas. Entre outras nações indígenas, Rondon manteve contatos pacíficos com os Bororo, Nhambiquara, Urupá, Jaru, Karipuna, Ariqueme, Boca Negra, Pacaás Novo, Macuporé, Guaraya, Macurape, etc. Nesta imensa e desconhecida região realizou sua grande obra de militar, estudioso, sertanista e grande ser humano.
– Entre 1892 e 1898 ajudou a construir as linhas telegráficas de Mato Grosso a Goiás, entre Cuiabá e o Araguaia, e uma estrada de Cuiabá a Goiás.
– Entre 1900 e 1906 dirigiu a construção de mais uma linha telegráfica, entre Cuiabá e Corumbá, alcançando as fronteiras de Paraguai e Bolívia.
– Em 1906 encontrou as ruínas do Real Forte do Príncipe da Beira, a maior relíquia histórica de Rondônia.
– Em 1907, no posto de major do Corpo de Engenheiros Militares, foi nomeado chefe da comissão que deveria construir a linha telegráfica de Cuiabá a Santo Antonio do Madeira, a primeira a alcançar a região amazônica, e que foi denominada “Comissão Rondon”. Seus trabalhos desenvolveram-se de 1907 a 1915.
Assim, simultâneamente, já que a construção da Estrada de Ferro Madeira Mamoré deu-se entre 1907 e 1912, aconteciam dois dos fatos mais importantes para o conhecimento e ocupação econômica do espaço físico que à época era parte do Mato Grosso, e hoje constitui o estado de Rondônia. A EFMM no sentido leste-oeste, e a linha do telégrafo no sentido sul-norte. Difícil dizer qual o feito mais grandioso.
Os trabalhos exploratórios da Comissão Rondon, quando foram estudados e registrados fatos novos nos ramos da geografia, biologia (fauna e flora) e antropologia, na região então desconhecida, dividiram-se em tres expedições:
– A 1ª expedição, entre setembro e novembro de 1907, reconheceu 1.781 km entre Cuiabá e o rio Juruena.
– A 2ª expedição ocorreu em 1908 e foi a mais numerosa, envolvendo 127 membros. Foi encerrada às margens de um rio denominado 12 de outubro (data de encerramento da expedição), tendo reconhecido 1.653 km entre o rio Juruena e a Serra do Norte.
– A 3ª expedição, com 42 homens, foi realizada de maio a dezembro 1909, vindo da serra do Norte ao rio Madeira, que alcançou em 25 de dezembro, atravessando toda a atual Rondônia.
– Em 1908 havia sido promovida a tenente-coronel, por méritos.
– Em 1910 organizou e passou a dirigir o Serviço de Proteção aos Índios (SPI), criado em 7/set/1910.
– Em 12 de outubro de 1911 inaugurou a estação telegráfica de Vilhena, na fronteira dos atuais estados de Mato Grosso e Rondônia.
– Em 13 de junho de 1912 inaugurou nova estação telegráfica, a 80 km de Vilhena, que recebeu seu nome.
– De maio de 1913 a maio de 1914 participou da denominada expedição Roosevelt-Rondon, junto com o ex-presidente dos Estados Unidos da América, Theodore Roosevelt. Realizando novos estudos e descobertas na região.
– Durante o ano de 1914 a Comissão Rondon construiu em oito meses, no espaço físico de Rondônia, 372 km de linhas e cinco estações telegráficas: Pimenta Bueno, Presidente Hermes, Presidente Pena (mais tarde Vila de Rondônia, atualmente Ji Paraná), Jaru e Ariquemes (a 200km de porto Velho).
– Em 1º de janeiro de 1915 inaugurou a estação telegráfica de Santo Antonio do Madeira, concluindo a gigantesca missão que lhe fora conferida.
Já General de Brigada, em 20/set/1919 foi nomeado Diretor de Engenharia do Exército, cargo que ocupou até 1924.
– Em 1930, preso no Rio Grande do Sul pelos revolucionários que destituiram Washington Luís e levaram Getúlio Vargas ao poder, pediu reforma do exército.
Entre julho de 1934 e julho de 1938 presidiu missão diplomática que lhe fora confiada pelo Governo do Brasil, mediando e arbitrando o conflito que se estabelecera entre o Perú e a Colômbia pela posse porto de Letícia. Ao encerrar sua missão, tendo estabelecido um acordo de paz, estava quase cego.
– Em 5 de maio de 1955, data de seu aniversário de 90 anos, recebeu o título de Marechal do Exército Brasileiro concedido pelo Congresso Nacional.
– Homenageando o velho Marechal, em 17 de fevereiro de 1956, o Território Federal do Guaporé teve seu nome alterado para Território Federal de Rondônia.
– Em 1957 foi indicado para o prêmio Nobel da Paz, pelo Explorer’s Club, de New York.
– Morreu no Rio de Janeiro, aos 92 anos, em 19 de janeiro de 1958.
Ao grande brasileiro, o respeito e a gratidão dos rondonienses.
Rondon, o patrono das comunicações no Brasil
Cândido Mariano da Silva Rondon nasceu em Mimoso, perto de Cuiabá, Mato Grosso, a 5 de maio de 1865 (doze dias antes da fundação da União Telegráfica Internacional, hoje União Internacional de Telecomunicações). Aos 90 anos, no dia de seu aniversário, foi promovido ao posto de Marechal, por indicação unânime do Congresso Nacional. Em 26 de abril de 1963, foi escolhido Patrono do Serviço de Comunicações do Exército Brasileiro e, por decisão do Ministério das Comunicações, patrono de todo o setor no País.
Descendente de índios terena, bororo e guaná, Rondon foi um defensor dos indígenas brasileiros. “Morrer, se preciso for. Matar nunca” – esse era o lema do brasileiro que ganhou maior projeção e reconhecimento internacionais por sua vida, inteiramente dedicada à exploração pacífica, humanitária e civilizadora dos trópicos.
O Marechal Rondon chefiou diversas missões demarcatórias de fronteiras e percorreu mais de 100 mil quilômetros de sertões, por rios, picadas na floresta, caminhos toscos ou estradas primitivas. Descobriu serras, planaltos, montanhas e rios, elaborando as primeiras cartas geográficas de cerca de 500 mil quilômetros quadrados até então totalmente desconhecidos dos registros nacionais.
Essa área equivale ao dobro da do Estado de São Paulo (ou o equivalente à França).
Organizador e diretor do Serviço de Proteção ao Índio (antigo SPI, hoje FUNAI – Fundação Nacional do Índio), Rondon não permitia que se cometesse qualquer tipo de violência ou injustiça contra os mais legítimos donos das terras descobertas por Cabral.
São suas as seguintes palavras:
“Os índios do Brasil, arrancados à voraz exploração dos impiedosos seringueiros, amparados pelo Serviço (SPI) em seu próprio habitat, não ficarão em reduções, nem em aldeamentos adrede preparados. Assistidos e protegidos pelo governo republicano, respeitados em sua liberdade e independência, nas suas instituições sociais e religiosas, civilizar-se-ão espontaneamente, evolutivamente, mediante a educação prática que por imitação receberem.”
Em 1912, foi promovido ao posto de Coronel, depois de ter pacificado os índios Kaingangue e os Nhambiquara. O Congresso Universal das Raças, bem como o 18º Congresso Internacional de Americanistas, reunidos em Londres, e a Comissão Parlamentar de Inquérito instituída para apurar as atrocidades praticadas contra os índios peruanos do Potumaio apelaram para os países que contam com populações indígenas em seus territórios, concitando-os a adotarem os métodos protecionistas seguidos pelo Brasil, por iniciativa de Rondon.
Em 1913, ganhou a Medalha de Ouro, “por 30 anos de bons serviços” prestados ao Exército e ao Brasil. Acompanhou o ex-presidente Theodore Roosevelt numa expedição de mais de 3 mil quilômetros pelos sertões de Mato Grosso e Amazonas. No ano seguinte, a Sociedade Geográfica de Nova York conferiu a Rondon o Prêmio Livingstone, medalha de ouro, por suas contribuições ao conhecimento geográfico.
A mesma Sociedade Geográfica de Nova York determinou a inclusão do nome de Rondon, em placa de ouro, ao lado de outros grandes descobridores e exploradores da Terra: Pearry (descobridor do Pólo Norte), Amundsen (descobridor do Pólo Sul), Charcot (explorador das terras árticas), Byrd (explorador das terras antárticas) e, por fim, Rondon, como o maior estudioso e explorador das terras tropicais.
Condecorado e premiado por governos estrangeiros e dezenas de entidades internacionais representativas das Ciências e da Paz, Rondon se tornou uma dessas raras figuras que, em vida, atinge o mais elevado grau de nível de respeito e prestígio por sua obra gigantesca. Mas por que, perguntaríamos, ele se tornou o Patrono das Comunicações?
De 1890 a 1916, Rondon participou das Comissões de Construções de Linhas Telegráficas do Estado de Mato Grosso, que interligaram as linhas existentes do Rio de Janeiro, de São Paulo e do Triângulo Mineiro à Amazônia (Santo Antônio do Madeira), ou seja, o primeiro esforço de grandes proporções para a integração nacional pelas comunicações.
É o próprio Rondon quem escreveu, em seu estudo “Índios do Brasil”, edição do Ministério da Agricultura, Conselho Nacional de Proteção aos Índios, publicação nº 98, volume II, página 3: “Ao terminarem os trabalhos desta última comissão (1916), havíamos dotado Mato Grosso de 4.502,5 quilômetros de linhas telegráficas (…) ”
Só no período 1907/1909, Rondon percorreu 5.666 quilômetros, no trabalho conjunto de construção de linhas telegráficas e de levantamento carto-geográfico da região que forma o atual Estado de Rondônia (nome dado em sua homenagem por sugestão de Roquete-Pinto), numa área de mais de 50 mil quilômetros quadrados, cruzando rios, picadas, serras, chapadas, trilhas e estradas só transitáveis por carros-de-boi. Os índios apelidaram as linhas telegráficas de “língua do Mariano” (Cândido Mariano da Silva Rondon), que as designava pela expressão “sondas do progresso”.
O escritor Roquete-Pinto dizia que o Marechal era “o ideal feito Homem”.
O presidente Theodore Roosevelt afirmava que Rondon, “como homem, tem todas as virtudes de um sacerdote: é um puritano de uma perfeição inimaginável na época moderna; e, como profissional, é tamanho cientista, tão grande o seu conjunto de conhecimentos que se pode considerar um sábio. (…)
A América pode apresentar ao mundo duas realizações ciclópicas: ao norte, o canal do Panamá; ao sul, o trabalho de Rondon – científico, prático, humanitário”.
Paul Claudel, grande poeta francês, e embaixador da França no Brasil, disse: “Rondon, esta alma forte que se interna pelo sertão, na sublime missão de assistir ao selvagem, é uma das personalidades brasileiras que mais me impressionaram. Rondon dá-me a impressão de uma figura do Evangelho”.
Cego e enfermo havia meses, Cândido Mariano da Silva Rondon agonizou no domingo, 19 de fevereiro de 1958, tarde ensolarada, de céu azul, em Copacabana.
Recebeu extrema-unção e voltou-se para seu médico de cabeceira e disse: “Viva a República! Viva a República…”
Foram suas últimas palavras, após 92 anos de vida inteiramente dedicada à sua Pátria, aos índios e às comunicações.
Marechal Rondon – Militar
Cândido Mariano da Silva era descendente de índios Terena, Borôro e Guaná. Ele nasceu em 5 de maio de 1865, numa cidadezinha de Mato Grosso chamada Mimoso, mas que hoje é Santo Antônio do Leverger. Perdeu os pais ainda menino e foi criado por um tio, cujo sobrenome – Rondon – Cândido Mariano adotou anos mais tarde, com autorização do Ministério da Guerra.
O jovem Cândido Mariano licenciou-se como professor primário pelo Liceu Cuiabano, de Cuiabá, antes de continuar seus estudos no Rio de Janeiro. Em 1881, entrou para o Exército e dois anos depois para a Escola Militar da Praia Vermelha. Em 1886 ele foi encaminhado à Escola Superior de Guerra e assumiu um papel ativo no movimento pela proclamação da República. Por meio de exames prestados em 1890, graduou-se como bacharel em Matemática e em Ciências Físicas e Naturais. Foi aluno de Benjamim Constant, e a ideologia positivista o guiou por toda a sua vida.
Em 1889, Cândido Mariano foi nomeado ajudante da Comissão de Construção das Linhas Telegráficas de Cuiabá a Registro do Araguaia, que era chefiada pelo coronel Gomes Carneiro. Por sua indicação, Rondon veio a assumir a chefia do distrito telegráfico de Mato Grosso, em 1892. Desde então, chefiou várias comissões para instalar linhas telegráficas no interior do Brasil, identificadas, genericamente, pelo nome de Comissão de Construção de Linhas Telegráficas e Estratégicas de Mato Grosso ao Amazonas, mais conhecida como Comissão Rondon.
Ele se destacou pela instalação de milhares de quilômetros de linhas telegráficas interligando as linhas já existentes no Rio de Janeiro, São Paulo e Triângulo Mineiro com os pontos mais distantes do País. Um esforço de grandes proporções para a integração nacional através das comunicações. Ao mesmo tempo em que realizava o trabalho, Rondon fez levantamentos cartográficos, topográficos, zoológicos, botânicos, etnográficos e lingüísticos da região percorrida nos trabalhos de construção das linhas telegráficas. Registrou novos rios, corrigiu o traçado de outros no mapa brasileiro e ainda entrou em contato com numerosas sociedades indígenas, sempre de forma pacífica. Pela sua vasta contribuição ao conhecimento científico, foi alvo de homenagens e recebeu muitas condecorações de instituições científicas do Brasil e do exterior.
A repercussão da obra indigenista de Rondon valeu-lhe o convite feito pelo governo brasileiro para ser o primeiro diretor do Serviço de Proteção aos Índios e Localização dos Trabalhadores Nacionais (SPI), criado em 1910. Nesta função, comandou e traçou o roteiro da expedição que o ex-presidente dos Estados Unidos, Theodore Roosevelt, Prêmio Nobel da Paz em 1906, realizou pelo interior brasileiro entre 1913 e 1914, a Expedição Roosevelt-Rondon.
Também publicou o livro Índios do Brasil, em três volumes, editado pelo Ministério da Agricultura. Incansável defensor dos povos indígenas do Brasil, ficou famosa a sua frase: “Morrer, se preciso for; matar, nunca.”
Entre 1919 e 1925, foi diretor de Engenharia do Exército e, após sucessivas promoções por merecimento, chegou a general-de-brigada em 1919 e a general-de-divisão em 1923.
A Inspeção de Fronteiras foi criada em 1927 para realizar o estudo das condições de povoamento e segurança das fronteiras brasileiras. Rondon ficou responsável por sua organização e chefia. Assim, ele percorreu milhares de quilômetros, do extremo norte do País ao Rio Grande do Sul, a fim de inspecionar pessoalmente as fronteiras.
Em 1930, solicitou sua passagem para a reserva de primeira classe do Exército e, em 1940, foi nomeado presidente do Conselho Nacional de Proteção aos Índios (CNPI), criado para prestar orientação e fiscalizar a ação assistencial do SPI, cargo em que permaneceu por vários anos. Encaminhou ao presidente da República, em 1952, o Projeto de Lei de criação do Parque Indígena do Xingu.
Em 1955, o Congresso Nacional conferiu-lhe a patente de marechal. Já cego, faleceu no Rio de Janeiro, em 19 de janeiro de 1958, com quase 93 anos.
Ao longo de sua vida e postumamente, pelo conjunto de sua obra, Rondon recebeu as maiores condecorações civis e militares, brasileiras e estrangeiras, entre elas o Prêmio Livingstone, da Sociedade Geográfica de Nova York/EUA; a inscrição de seu nome em letras de ouro, na mesma Sociedade, por ter sido considerado o explorador que mais se destacou em terras tropicais; a indicação de 15 países para concorrer ao Prêmio Nobel da Paz, em 1957; a Grã-Cruz da Ordem do Mérito Militar; os títulos de “Civilizador dos Sertões” e “Patrono das Comunicações no Brasil”.
Para homenagear Rondon, foi escolhido o dia 5 de maio, sua data natalícia, para a comemoração do Dia Nacional das Comunicações.
O antigo Território Federal de Guaporé recebeu o nome de Rondônia também em sua homenagem
Cândido Mariano da Silva
Rondon nasceu, em 1865, em Mato Grosso. Fez seus estudos elementares em Cuiabá, onde ingressou no Exército, graduando-se em Ciências Físicas e Naturais pela Escola Militar da Corte em 1890.
Ocupou o cargo de professor-substituto de Astronomia e Mecânica, logo abandonado para engajar-se na Comissão Construtora de Linhas Telegráficas de Cuiabá ao Araguaia (1890-1898).
A comissão, encarregada de construir 583 quilômetros de linhas de Cuiabá a Registro, na margem esquerda do rio Araguaia, passava pelo território dos índios Bororo que, vítimas de sucessivos massacres, se constituíam no principal obstáculo às comunicações entre Goiás e Mato Grosso.
Nessa ocasião, Rondon efetuou suas primeiras ações junto ao grupo indígena, contatando os Bororo do rio Garças, com os quais manteve estreitos vínculos por toda a vida.
A carreira do indigenista Rondon foi fortemente marcada pelas concepções positivistas.
A necessidade de proteger militarmente as fronteiras brasileiras e favorecer o progresso econômico resultou na organização da Comissão Construtora de Linhas Telegráficas de Mato Grosso (1900-1906) e da Comissão de Linhas Telegráficas de Mato Grosso ao Amazonas (1907-1915), chefiadas por Rondon. Paralelamente aos seus objetivos estratégicos, essas comissões tiveram um papel pioneiro junto às populaçoes indígenas contatadas, demarcando suas terras e assegurando aos índios trabalho nas obras para a instalação das linhas.
A segunda, conhecida por Comissão Rondon, destacou-se pelo seu caráter científico, dando origem a uma série de estudos elaborados pelos mais importantes especialistas da época.
A Comissão Rondon teve sob seus cuidados o contato com grupos indígenas desconhecidos, permitindo o estabelecimento de um padrão de relacionamento com essas populações.
Isso contribuiu para a configuração de um corpo de normas e técnicas de pacificação. Assim, foram “pacificadas” diversas tribos consideradas hostis como os Kepkiriwát, Ariken e Nambikwara. Estes tornaram-se exemplos de modelo rondoniano de indigenismo, sintetizado na legenda “Morrer se preciso for, matar nunca”.
Evidenciava-se a necessidade da intervenção do Estado nas relações entre populações indígenas e sociedade nacional, intensificadas com a abertura de diversas frentes de expansão capitalistas.
A polêmica envolvendo amplos setores da vida nacional sobre a regulamentação desses contatos levou, em 1910, o governo a criar o Serviço de Proteção aos Índios (SPI).
Para a direção geral, foi convidado Cândido Rondon, que conferiu à instituição as atribuições de assistência e proteção aos grupos indígenas dentro do princípio de respeito à diversidade cultural.
Em 1939, o General Rondon assumiu a presidência do recém-criado Conselho Nacional de Proteção ao Índio, retomando a orientação da política indigenista, a fiscalização da ação assistencial do SPI e a vigilância dos direitos indígenas.
Em 1952, Rondon apresentou ao Presidente Getúlio Vargas o projeto de criação do Parque do Xingu e testemunhou a criação, sob sua inspiração direta, do Museu do Índio, destinado a coletar material sobre as culturas indígenas, produzir conhecimento e repassá-lo à sociedade brasileira como forma de combater os preconceitos existentes contra os indígenas.
Morreu em 1958, deixando como principal contribuição ao indigenismo nacional a formulação de uma política de respeito ao Índio e de responsabilidade histórica da nação brasileira pelos destinos dos povos indígenas que habitam o território nacional.
Cronologia
1865: Nascimento de Cândido Mariano da Silva Rondon, em Mato Grosso, Brasil.
1881: Ingressa na Escola Militar do Rio de Janeiro.
1888: É promovido a alferes.
1889, 15 de Novembro: participa na implantação da República.
1890: Bacharel em Ciências Físicas e Naturais; promovido a tenente; professor de Astronomia, Mecânica Racional e Matemática Superior; abandona o ensino e passa a servir no setor do Exército dedicado à construção de linhas telegráficas pela vastidão do interior brasileiro.
1892: Casa com Francisca Xavier.
1898: Ingressa na Igreja da Religião da Humanidade (positivista).
1901: Pacifica os índios Bororo.
1906: Estabelece as ligações telegráficas de Corumbá e Cuiabá com o Paraguai e a Bolívia
1907: Pacifica os índios Nambikuára.
1910: É nomeado 1º diretor do Serviço de Proteção aos Índios.
1911: Pacificação dos Botocudo, do Vale do Rio Doce (entre Minas Gerais e Espírito Santo).
1912: Pacificação dos Kaingáng, de São Paulo.
1913: Acompanha e orienta o ex presidente americano Theodore Roosevelt na sua expedição ao Amazonas.
1914: Pacificação dos Xokleng, de Sta. Catarina; recebe o Prémio Livingstone, concedido pela Sociedade de Geografia de Nova Iorque.
1918: Pacificação dos Umotina, dos rios Sepotuba e Paraguai; começa a levantar a Carta de Mato Grosso.
1919: É nomeado Diretor de Engenharia do Exército.
1922: Pacificação dos Parintintim, do rio Madeira.
1927/30: Inspecciona toda a fronteira brasileira desde as Guianas à Argentina
1928: Pacificação dos Urubu, do vale do rio Gurupi, entre o Pará e o Maranhão.
1930: Revolução no Brasil; Getúlio Vargas, o novo presidente, hostiliza Rondon que, para evitar perseguições ao Serviço de Proteção aos Índios, logo se demite da sua direção.
1938: Promove a paz entre a Colômbia e o Peru que disputavam o território de Letícia.
1939: Reassume a direção do Serviço de Proteção aos Índios.
1946: Pacificação dos Xavante, do vale do rio das Mortes.
1952: Propõe a fundação do Parque Indígena do Xingu.
1953: Inaugura o Museu Nacional do Índio.
1955: O Congresso Nacional brasileiro promove o a Marechal e dá o nome de Rondónia ao território do Guaporé.
1958: Morte de Cândido Rondon.
Marechal Cândido da Silva Rondon
Marechal Cândido da Silva Rondon nasceu em Mimoso, no Estado de Mato Grosso, em 05 de maio de 1965.
Foi uma das personalidades brasileiras mais marcantes da história, destacando-se pelos feitos e por seu espírito patriota e humanista.
Bacharel em Matemática e Ciências Físicas e Naturais pela Escola Superior de Guerra do Brasil, onde posteriormente atuou como professor de Astronomia e Mecânica, foi indicado para o Prêmio Nobel da Paz, em 1957.
É bom lembrar que o Estado de Rondônia leva este nome em homenagem aos grandes feitos do militar, responsável pela construção de quilômetros de linhas telegráficas, viabilizando a comunicação do centro-oeste com o norte.
Rondon teve papel importante como desbravador, descobrindo rios, registrando topografias, e atuando como pacificador de tribos indígenas.
De prodigiosa inteligência, chegou a guiar o então presidente dos Estados Unidos, Theodore Roosevelt, e sua comitiva, a uma viagem pelo interior do Mato Grosso, onde fez novas descobertas.
Em 1910, Rondon organizou o Serviço de Proteção ao Índios.
Em 1939, foi nomeado presidente do Conselho Nacional de Proteção ao Índio e como tal, obteve a demarcação de terras para várias etnias, entre eles os Bororos, Terenas e Oiafés.
Tantos são os seus feitos, que não há uma biografia completa que lhe faça justiça.
Fonte: www.ronet.com.br/www.museudotelefone.org.br/www.funai.gov.br
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