Pois a tantas perdições (1598)

Redondilhas de Luís Vaz de Camões

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Trovas a üna Senhoras que haviam de ser terceiras para com üa Dama sua

Pois a tantas perdições,

Senhoras, quereis dar vida,

ditosa seja a ferida

que tem tais cerurgiões!

Pois ventura

me subiu a tanta altura

que me sejais valedoras,

ditosa seja a tristura

que se cura

por vossos rogos, Senhoras!

Ser minha pena mortal,

já que entendeis que é assim,

não quero falar por mim,

que por mim fala meu mal.

Sois fermosas,

haveis de ser piadosas,

por ser tudo düa cor;

que pois Amor vos fez rosas

milagrosas,

fazei milagres d’amor.

Pedi a quem vós sabeis

que saiba de meu trabalho,

não pelo que eu nisso valho,

mas pelo que vós valeis.

Que o valer

de vosso alto merecer,

com lho pedir de giolhos,

fará que em meu padecer

possa ver

o poder que têm seus olhos.

Vossa muita fermosura

co a sua tanto val

que me rio de meu mal

quando cuido em quem mo cura.

A meus ais

peço-vos que lhe valhais,

Damas de Amor tão validas,

que nunca tal dor sintais

que queirais

onde não sejais queridas

Fonte: www.bibvirt.futuro.usp.br

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