Jorge Amado

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Nascimento: 10 de agosto de 1912, Itabuna, Bahia.

Falecimento: 6 de agosto de 2001, Salvador, Bahia.

As primeiras obras do romancista Jorge Amado, incluiu Terras do Sem-Fim (1942), na qual ele examinou a exploração e o sofrimento dos trabalhadores das plantações.

O romancista brasileiro Jorge Amado era mais conhecido na década de 1930 por seus romances de protesto social. Na década de 1950 ele tinha evoluído para um contador de histórias convincentes mais aptos a zombar com a criação do que para denunciá-lo.

Seu lirismo, imaginação, humor e deram-lhe uma reputação mundial.

Jorge Amado – Vida

Jorge Amado nasceu 10 de agosto de 1912, em Ferradas, Brasil.

Ele publicou seu primeiro romance aos 20 anos.

Apesar de prisão e o exílio para atividades de esquerda, ele continuou a produzir novelas, muitas das quais foram proibidas no Brasil e Portugal.

Mais tarde ele trabalhou preservando a atitude política do Amado em sua sátira mais sutil; muitos de seus livros foram adaptados para cinema e TV.

Jorge Amado
Jorge Amado

Nascido em Itabuna, Bahia, no dia 10 de agosto de 1912, Jorge Amado passou a infância na cidade de Ilhéus, onde presenciou a luta entre fazendeiros e exportadores de cacau, inspiração para vários de seus livros.

A partir de 1930, na cidade do Rio de Janeiro, começou a estudar direito e a lançar romances.

As obras eram marcadas pelo realismo socialista: se passavam nas plantações de cacau do sul da Bahia ou na cidade de Salvador e mostravam os conflitos e as injustiças sociais.

“O país do carnaval” (1932), “Cacau” (1933), “Suor” (1934), “Jubiabá” (1935), “Mar morto”(1936), “Capitães de areia” (1937), “Terras do sem fim” (1942), “São Jorge dos Ilhéus” (1944) e “Os subterrâneos da liberdade” (1952) fazem parte da leva.

Nessa primeira fase, seus livros eram considerados documentários dos problemas brasileiros causados pela transição de uma sociedade agrária para industrial.

Eleito deputado federal pelo Partido Comunista Brasileiro em 1945, teve seu mandato cassado como os de todos os membros da mesma agremiação. Viajou então pela Europa e pela Ásia e voltou ao país em 1952.

Quatro anos mais tarde, fundou o semanário “Para todos”, sendo eleito para a Academia Brasileira de Letras em 1961.

A segunda fase de sua obra começou com o lançamento de “Gabriela, cravo e canela”, em 1958. Seus textos passaram a se caracterizar pelas sátiras e pelo humor. Nela ainda foram publicados sucessos como “Dona Flor e seus dois maridos” (1966), “Tenda dos milagres” (1969), “Teresa Batista cansada de guerra” (1973) e “Tieta do Agreste” (1977), entre outros.

Jorge Amado escreveu ainda “O mundo da paz” (1950), um relato de viagem, “Bahia de todos os santos” (1945), um guia da cidade de Salvador , “O cavaleiro da esperança” (1945), a história de Luis Carlos Prestes, e “ABC de Castro Alves” (1941), uma biografia de Castro Alves.

Aos oitenta anos de idade, em 1992, publicou “Navegação de cabotagem”, um romance autobiográfico.

Vários de seus trabalhos foram adaptados para rádio, cinema e televisão e foram traduzidos para mais de trinta idiomas, o que lhe rendeu inúmeros prêmios.

Em 1979, casou-se com a também escritora Zélia Gattai.

O escritor já publicou inúmeras obras: 25 romances; dois livros de memórias, duas biografias, duas histórias infantis e uma infinidade de outros trabalhos, entre contos, crônicas e poesias.

Jorge Amado – Biografia

Jorge Amado
Jorge Amado

Quinto ocupante da Cadeira 23, eleito em 6 de abril de 1961, na sucessão de Otávio Mangabeira e recebido pelo Acadêmico Raimundo Magalhães Júnior em 17 de julho de 1961. Recebeu os Acadêmicos Adonias Filho e Dias Gomes.

Jorge Amado foi jornalista, romancista e memorialista. Nasceu na Fazenda Auricídia, em Ferradas, Itabuna, BA, no dia 10 de agosto de 1912 e faleceu no dia 06 de agosto de 2001 em Salvador, BA.

Filho do Cel. João Amado de Faria e de D. Eulália Leal Amado, com um ano de idade, foi para Ilhéus, onde passou a infância e aprendeu as primeiras letras.

Cursou o secundário no Colégio Antônio Vieira e no Ginásio Ipiranga, em Salvador – cidade que costumava chamar de Bahia – onde viveu, livre e misturado com o povo, os anos da adolescência, tomando conhecimento da vida popular que iria marcar fundamentalmente sua obra de romancista. Fez os estudos universitários no Rio de Janeiro, na Faculdade de Direito, pela qual foi bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais (1935), não tendo, no entanto, jamais exercido a advocacia.

Aos 14 anos, na Bahia, começou a trabalhar em jornais e a participar da vida literária, sendo um dos fundadores da “Academia dos Rebeldes”, grupo de jovens que, juntamente com os do “Arco & Flecha” e do “Samba”, desempenhou importante papel na renovação das letras baianas. Comandados por Pinheiro Viegas, figuraram na “Academia dos Rebeldes”, além de Jorge Amado, os escritores João Cordeiro, Dias da Costa, Alves Ribeiro, Edison Carneiro, Sosígenes Costa, Válter da Silveira, Áidano do Couto Ferraz e Clóvis Amorim.

Foi casado com Zélia Gattai e com ela teve dois filhos: João Jorge, sociólogo e autor de peças para teatro infantil, e Paloma, psicóloga, casada com o arquiteto Pedro Costa. Foi irmão do médico neuropediatra Joelson Amado e do escritor James Amado.

Em 1945, foi eleito deputado federal pelo Estado de São Paulo, tendo participado da Assembléia Constituinte de 1946 (pelo Partido Comunista Brasileiro) e da primeira Câmara Federal após o Estado Novo, sendo responsável por várias leis que beneficiaram a cultura. Viajou pelo mundo todo. Viveu exilado na Argentina e no Uruguai (1941-42), em Paris (1948-50) e em Praga (1951-52).

Escritor profissional, viveu exclusivamente dos direitos autorais de seus livros. Recebeu no estrangeiro os seguintes prêmios: Prêmio Internacional Lênin (Moscou, 1951); Prêmio de Latinidade (Paris, 1971); Prêmio do Instituto Ítalo-Latino-Americano (Roma, 1976); Prêmio Risit d’Aur (Udine, Itália, 1984); Prêmio Moinho, Itália (1984); Prêmio Dimitrof de Literatura, Sofia – Bulgária (1986); Prêmio Pablo Neruda, Associação de Escritores Soviéticos, Moscou (1989); Prêmio Mundial Cino Del Duca da Fundação Simone e Cino Del Duca (1990); e Prêmio Camões (1995).

No Brasil: Prêmio Nacional de Romance do Instituto Nacional do Livro (1959); Prêmio Graça Aranha (1959); Prêmio Paula Brito (1959); Prêmio Jabuti (1959 e 1970); Prêmio Luísa Cláudio de Sousa, do Pen Club do Brasil (1959); Prêmio Carmen Dolores Barbosa (1959); Troféu Intelectual do Ano (1970); Prêmio Fernando Chinaglia, Rio de Janeiro (1982); Prêmio Nestlé de Literatura, São Paulo (1982); Prêmio Brasília de Literatura – Conjunto de Obras (1982); Prêmio Moinho Santista de Literatura (1984); prêmio BNB de Literatura (1985).

Recebeu também diversos títulos honoríficos, nacionais e estrangeiros, entre os quais: Comendador da Ordem Andrés Bello, Venezuela (1977); Commandeur de l’Ordre des Arts et des Lettres, da França (1979); Commandeur de la Légion d’Honneur (1984); Doutor Honoris Causa pela Universidade Federal da Bahia (1980) e do Ceará (1981); Doutor Honoris Causa pela Universidade Degli Studi de Bari, Itália (1980) e pela Universidade de Lumière Lyon II, França (1987). Grão Mestre da Ordem do Rio Branco (1985) e Comendador da Ordem do Congresso Nacional, Brasília (1986).

Foi membro correspondente da Academia de Ciências e Letras da República Democrática da Alemanha; da Academia das Ciências de Lisboa; da Academia Paulista de Letras; e membro especial da Academia de Letras da Bahia. Obá do Axê do Opó Afonjá, na Bahia, onde viveu, cercado de carinho e admiração de todas as classes sociais e intelectuais.

Exerceu atividades jornalísticas desde bem jovem quando ingressou como repórter no Diário da Bahia (1927-29), época em que também escrevia na revista literária baiana A Luva. Depois, no Sul, atuou sempre na imprensa, tendo sido redator-chefe da revista carioca Dom Casmurro (1939) e colaborador, no exílio (1941-42), em periódicos portenhos – La Crítica, Sud e outros. Retornando à pátria, redigiu a seção “Hora da Guerra”, no jornal O Imparcial (1943-44), em Salvador, e, mudando-se para São Paulo, dirigiu o diário Hoje (1945). Anos após, participou, no Rio, da direção do semanário Para Todos (1956-58).

Estreou na literatura em 1930, com a publicação, por uma editora do Rio, da novela Lenita, escrita em colaboração com Dias da Costa e Édison Carneiro. Os seus livros, que ao longo de 36 anos (de 1941 a 1977) foram editados pela Livraria Martins Editora, de São Paulo, integraram a coleção Obras Ilustradas de Jorge Amado. Atualmente, as obras de Jorge Amado são editadas pela Distribuidora Record, do Rio.

Publicados em 52 países, seus livros foram traduzidos para 48 idiomas e dialetos, a saber: albanês, alemão, árabe, armênio, azerbaijano, búlgaro, catalão, chinês, coreano, croata, dinamarquês, eslovaco, esloveno, espanhol, esperanto, estoniano, finlandês, francês, galego, georgiano, grego, guarani, hebreu, holandês, húngaro, iídiche, inglês, islandês, italiano, japonês, letão, lituano, macedônio, moldávio, mongol, norueguês, persa, polonês, romeno, russo (também três em braile), sérvio, sueco, tailandês, tcheco, turco, turcomano, ucraniano e vietnamita.

Teve livros adaptados para o cinema, o teatro, o rádio, a televisão, bem como para histórias em quadrinhos, não só no Brasil mas também em Portugal, na França, na Argentina, na Suécia, na Alemanha, na Polônia, na Tcheco-Eslováquia, na Itália e nos Estados Unidos.

Jorge Amado – Obras

Jorge Amado
Jorge Amado

O país do carnaval, romance (1931)
Cacau, romance (1933)
Suor, romance (1934)
Jubiabá, romance (1935)
Mar morto, romance (1936)
Capitães de areia, romance (1937)
A estrada do mar, poesia (1938)
ABC de Castro Alves, biografia (1941)
O cavaleiro da esperança, biografia (1942)
Terras do sem fim, romance (1943)
São Jorge dos Ilhéus, romance (1944)
Bahia de Todos os Santos, guia (1945)
Seara vermelha, romance (1946)
O amor do soldado, teatro (1947)
O mundo da paz, viagens (1951)
Os subterrâneos da liberdade, romance (1954)
Gabriela, cravo e canela, romance (1958)
A morte e a morte de Quincas Berro d’Água, romance (1961)
Os velhos marinheiros ou o Capitão de longo curso, romance (1961)
Os pastores da noite, romance (1964)
Dona Flor e seus dois maridos, romance (1966)
Tenda dos milagres, romance (1969)
Teresa Batista cansada de guerra, romance (1972)
O gato Malhado e a andorinha Sinhá, historieta (1976)
Tieta do Agreste, romance (1977)
Farda, fardão, camisola de dormir, romance (1979)
Do recente milagre dos pássaros, conto (1979)
O menino grapiúna, memórias (1982)
A bola e o goleiro, literatura infantil (1984)
Tocaia grande, romance (1984)
O sumiço da santa, romance (1988)
Navegação de cabotagem, memórias (1992)
A descoberta da América pelos turcos, (1994)
O milagre dos pássaros, (1997)
Hora da guerra.Rio de Janeiro:Companhia das Letras, 2008.

Trajetória de Jorge Amado

Jorge Amado
Jorge Amado

Infância grapiúna: entre a fazenda de cacau e o mar da bahia

Jorge Amado nasceu em 10 de agosto de 1912, na fazenda Auricídia, em Ferradas, distrito de Itabuna, filho de João Amado de Faria e Eulália Leal. O pai havia migrado de Sergipe para se tornar fazendeiro de cacau na Bahia. Além de Jorge, o primeiro filho, o casal teve Jofre, que morreu aos três anos, Joelson e James.

Antes que o primogênito completasse dois anos, a família mudou-se para Ilhéus, fugindo de uma epidemia de varíola (a “bexiga negra”).

No litoral sul da Bahia, a “nação grapiúna”, o menino Jorge Amado ganhou intimidade com o mar, elemento fundamental de seus livros, e viveu algumas de suas experiências mais marcantes. Cresceu em meio a lutas políticas, disputas pela terra e brigas de jagunços e pistoleiros. Seu pai foi baleado em uma tocaia. Em companhia do caboclo Argemiro, que nos dias de feira o colocava na sela e o levava a Pirangi, o menino conheceu as casas de mulheres e as rodas de jogo.

A região cacaueira seria um dos cenários preferidos do autor, atravessando toda sua carreira literária, em livros como Terras do sem-fim, São Jorge dos Ilhéus, Gabriela, cravo e canela e Tocaia Grande, nos quais relata as lutas, a crueldade, a exploração, o heroísmo e o drama associados à cultura do cacau que floresceu na região de Ilhéus nas primeiras décadas do século xx.

Os anos de aprendizado e a descoberta da paixão pelas letras

Jorge Amado tomou contato com as letras através da mãe, que o alfabetizou pela leitura de jornais.

Completou os estudos iniciais num internato religioso: com onze anos foi mandado a Salvador para estudar no Colégio Antônio Vieira.

Apesar da sensação de encarceramento e da saudade que sentia da liberdade e do mar de Ilhéus, o menino experimentou ali a paixão pelos livros. Seu professor de português era o padre Luiz Gonzaga Cabral, que lhe emprestou livros de autores como Charles Dickens, Jonathan Swift, José de Alencar e clássicos portugueses.

O padre Cabral foi o primeiro a sentenciar que Jorge Amado se tornaria escritor, ao ler uma redação de seu aluno, intitulada “O mar”.

Em 1924, o menino fugiu do internato e passou dois meses percorrendo o sertão baiano. Viajou até Itaporanga, em Sergipe, onde morava seu avô paterno, José Amado. Seu tio Álvaro, uma das figuras mais importantes de sua infância, foi buscá-lo na fazenda do avô.

Depois de transferir-se para outro internato, o Ginásio Ipiranga, em 1927 Jorge Amado foi morar em um casarão no Pelourinho, em Salvador. O prédio serviria de inspiração ao seu terceiro romance, Suor, publicado em 1934.

Estréia como profissional da palavra

Aos catorze anos, Jorge Amado conseguiu seu primeiro emprego: repórter policial no Diário da Bahia. Em seguida, passou a trabalhar em O Imparcial. Nessa época, participava intensamente da vida popular e da boemia de Salvador, freqüentava “casas de raparigas”, botecos, feiras e costumava sair com os pescadores em seus saveiros.

Em 1928, fundou com amigos a Academia dos Rebeldes, reunião de jovens literatos que pregavam “uma arte moderna, sem ser modernista”, antecipando a ênfase social e o teor realista que caracterizariam o romance do Movimento de 30. O grupo era liderado pelo jornalista e poeta Pinheiro Viegas e dele faziam parte Sosígenes Costa, Alves Ribeiro, Guilherme Dias Gomes, João Cordeiro, o etnólogo Edison Carneiro, entre outros.

Foi este último quem apresentou Jorge Amado ao pai-de-santo Procópio, de quem o escritor recebeu seu primeiro título no candomblé: ogã de Oxóssi.

A descoberta do candomblé, religião celebrativa em que não existe a noção do pecado, e o contato com as tradições afro-brasileiras e com a história da escravidão levaram Jorge Amado a desenvolver uma visão específica da Bahia — e do Brasil —, que perpassa toda a sua criação literária: uma nação mestiça e festiva.

Os primeiros livros

Jorge Amado
Jorge Amado

A primeira obra publicada por Jorge Amado foi a novela Lenita, escrita em 1929 em co-autoria com Edison Carneiro e Dias da Costa. O texto saiu nas páginas de O Jornal, e o escritor usou o pseudônimo Y. Karl para assiná-lo. Mais tarde, preferiu não incluir o texto na lista de suas obras completas. “É uma coisa de criança. Nós éramos muito meninos quando fizemos Lenita”, diria Jorge Amado sobre a obra.

Em 1931, aos dezoito anos, lançou seu primeiro livro, O país do Carnaval, publicado pelo editor Augusto Frederico Schmidt. O romance é considerado sua verdadeira estréia literária. No mesmo ano, Jorge Amado ingressou na Faculdade de Direito do Rio de Janeiro, cidade onde passou a residir. Embora tenha se formado advogado, nunca exerceu a profissão.

Em 1932, desistiu de editar o romance Rui Barbosa nº- 2, aconselhado por amigos que acharam o texto muito similar ao livro de estréia. No mesmo ano, após visitar Pirangi, povoado que viu nascer próximo a Itabuna, decide escrever sobre os trabalhadores da região. Com Cacau, Jorge Amado dá início ao ciclo de livros que retratam a civilização cacaueira.

O círculo de amizades do Movimento de 30

Em meio à efervescência cultural do Rio de Janeiro, então capital do país, Jorge Amado travou amizade com personalidades da política e das letras, como Raul Bopp, José Américo de Almeida, Gilberto Freyre, Carlos Lacerda, José Lins do Rego e Vinicius de Moraes.

A convivência com o chamado Movimento de 30 marcou profundamente sua personalidade e a preocupação que reteve com os problemas brasileiros.

Jorge Amado viajou até Maceió especialmente para conhecer Graciliano Ramos. Nesse período, a escritora Rachel de Queiroz lhe apresentou aos ideais igualitários do comunismo.

Em 1934, com a publicação de Suor, sua ficção aventurou-se pela realidade urbana e degradada da capital Salvador. Dois anos depois, lançou Jubiabá, romance protagonizado por Antônio Balduíno, um dos primeiros heróis negros da literatura brasileira.

Aos 23 anos, Jorge Amado começou a ganhar fama e projeção: o livro tornou-se seu primeiro sucesso internacional. Publicado em francês, foi elogiado pelo escritor Albert Camus em artigo de 1939.

Militância, censura e perseguições

Sensibilizado com as fortes desigualdades sociais do país, em 1932 Jorge Amado filiou-se ao Partido Comunista Brasileiro (pcb ). Quatro anos depois foi preso pela primeira vez, no Rio de Janeiro, acusado de participar da Intentona Comunista. O ano era 1936, e Jorge Amado publicou um de seus livros mais líricos, Mar morto, protagonizado pelo mestre de saveiro Guma. O livro inspirou o amigo Dorival Caymmi a compor a música “É doce morrer no mar”.

O romancista casou-se em 1933 com Matilde Garcia Rosa, na cidade de 82 Caderno de Leituras Estância, em Sergipe. Com ela, Jorge Amado teve uma filha, Eulália Dalila Amado, nascida em 1935 e falecida subitamente com apenas catorze anos.

Em meados dos anos 30, Jorge Amado fez uma longa viagem pelo Brasil, pela América Latina e pelos Estados Unidos, durante a qual escreveu Capitães da Areia. Ao retornar, foi preso novamente, devido à supressão da liberdade política decorrente da proclamação do Estado Novo (1937-50), regime de exceção instituído por Getúlio Vargas. Em Salvador, mais de mil exemplares de seus livros de foram queimados em praça pública pela polícia do regime.

Libertado em 1938, Jorge Amado transferiu-se do Rio para São Paulo, onde passou a dividir apartamento com o cronista Rubem Braga. Voltou a morar no Rio de Janeiro, e entre 1941 e 1942 exilou-se no Uruguai e na Argentina, onde escreveu a biografia de Luís Carlos Prestes, O cavaleiro da esperança, publicada originalmente em espanhol, em Buenos Aires, e proibida no Brasil. Ao retornar ao país, foi detido pela terceira vez, agora em regime de prisão domiciliar, na Bahia. Em 1943, escreveu para a coluna “Hora da guerra”, nas páginas de O Imparcial. No mesmo ano, o romance Terras do sem-fim foi o primeiro livro a ser publicado e vendido depois de seis anos de proibições às obras do autor.

A união com Zélia e a atividade política

Em 1944, Jorge Amado separou-se de Matilde, após onze anos de casamento. No ano seguinte, em São Paulo, chefiava a delegação baiana no i Congresso Brasileiro de Escritores quando conheceu Zélia Gattai. A escritora se tornaria o grande amor de sua vida. Em 1947, nasceu o primeiro filho do casal, João Jorge.

Quando o menino completou um ano, recebeu de presente do pai o texto O gato malhado e a andorinha Sinhá, com desenhos de Carybé.

Com Zélia, Jorge Amado teve também a filha Paloma, nascida em 1951, na Tchecoslováquia. Jorge e Zélia oficializaram a união apenas em 1978, quando já eram avós.

Em 1945, Jorge Amado foi eleito deputado federal pelo pcb para a Assembléia Constituinte. Assumiu o mandato no ano seguinte, e algumas de suas propostas, como a que instituiu a liberdade de culto religioso, foram aprovadas e viraram leis. Alguns anos depois, porém, o partido foi colocado na clandestinidade e Jorge Amado teve o mandato cassado. Em 1948, partiu para a Europa e fixou-se em Paris. Durante o período de exílio voluntário, conheceu Jean-Paul Sartre e Picasso, entre outros escritores e artistas. Em 1950, o governo francês expulsou Jorge Amado do país, por motivos políticos.

O autor passou a morar na Tchecoslováquia, e nos anos seguintes viajou pelo Leste Europeu, visitando a União Soviética, a China e a Mongólia. Escreveu seus livros mais engajados, como a trilogia Os subterrâneos da liberdade, publicada em 1954.

Em 1956, após as denúncias de Nikita Khruchióv contra Stálin no 20º- Congresso do Partido Comunista da União Soviética, Jorge Amado se desliga do pcb .

Humor, sensualismo e a contestação feminina

A partir do final da década de 50, a literatura de Jorge Amado passou a dar mais relevo ao humor, à sensualidade, à miscigenação e ao sincretismo religioso.

Apesar de não terem estado ausentes de sua literatura, esses elementos passam agora a ocupar o primeiro plano, e seus romances apresentam um posicionamento político mais nuançado. Gabriela, cravo e canela, escrito em 1958, marca essa grande mudança. O escritor, porém, preferia dizer que com Gabriela houve “uma afirmação e não uma mudança de rota”.

Nessa época, Jorge Amado passou a se interessar cada vez mais pelos ritos afro-brasileiros. Em 1957, conheceu Mãe Menininha do Gantois, e em 1959 recebeu um dos mais altos títulos do candomblé, o de obá Arolu do Axé Opô Afonjá. No mesmo ano, saiu na revista Senhor a novela A morte e a morte de Quincas Berro Dágua, considerada uma obra-prima, que depois seria publicada junto com o romance O capitão-de-longo-curso no volume Os velhos marinheiros. Mais tarde, viriam algumas de suas obras mais consagradas, como Dona Flor e seus dois maridos, Tenda dos Milagres, Tereza Batista cansada de guerra e Tieta do Agreste.

A nova fase de sua literatura compreende os livros protagonizados por figuras femininas, ao mesmo tempo sensuais, fortes e contestadoras. As mulheres inventadas por Jorge Amado consagraram-se no imaginário popular e ganharam as telas da televisão e do cinema. Nas décadas de 70, 80 e 90, os livros do autor viraram filmes e novelas, em adaptações realizadas por Walter George Durst, Alberto D’Aversa, Marcel Camus, Nelson Pereira dos Santos, Cacá Diegues, Bruno Barreto, Aguinaldo Silva, Luiz Fernando Carvalho, entre outros diretores e roteiristas. Glauber Rocha e João Moreira Salles realizaram documentários sobre o escritor.

A casa do Rio Vermelho e a vida entre Salvador e Paris

Jorge Amado vendeu os direitos de filmagem do livro Gabriela, cravo e canela para a Metro-Goldwyn-Mayer, em 1961. Com o dinheiro, comprou um terreno em Salvador e construiu uma casa, onde passou a morar com a família em 1963. A casa da rua Alagoinhas, no bairro do Rio Vermelho, era também uma espécie de centro cultural. Além de abrigar um grande acervo de arte popular, Jorge Amado e Zélia recebiam amigos artistas e intelectuais, e abriam as portas até para admiradores desconhecidos, de vários lugares do Brasil e do mundo.

Em 1983, Jorge e Zélia passaram a viver metade do ano em Paris, metade na Bahia. Na Europa, o escritor era reconhecido e celebrado como um dos maiores romancistas brasileiros. Usava o seu apartamento no charmoso bairro do Marais, um lugar mais tranqüilo que sua movimentada casa em Salvador, como um refúgio para escrever.

Durante a década de 80, Jorge Amado escreveu O menino grapiúna, suas memórias de infância, e o romance Tocaia Grande, dois livros que retomam o tema da cultura cacaueira que marcou o início de sua carreira literária. Nessa época escreveu também O sumiço da santa. Em 1987, foi inaugurada a Fundação Casa de Jorge Amado, com sede em um casarão restaurado no Pelourinho. A Fundação possui em seu acervo publicações sobre o escritor, como teses, ensaios e outros textos acadêmicos, artigos de imprensa, registro de homenagens e cartas.

Os últimos anos

No começo da década de 90, Jorge Amado trabalhava em Bóris, o vermelho, romance que não chegou a concluir, quando redigiu as últimas notas de memória que compõem Navegação de cabotagem, publicado por ocasião de seus oitenta anos. Em 1992 recebeu de uma empresa italiana a proposta de escrever um texto de ficção sobre os quinhentos anos do descobrimento da América. Produziu a novela A descoberta da América pelos turcos, publicada no Brasil em 1994.

Durante a década de 90, a filha Paloma, ao lado de Pedro Costa, reviu o texto de suas obras completas, a fim de suprimir os erros que se acumularam ao longo dos anos e das sucessivas edições de seus livros. Em 1995, o autor foi agraciado com o Prêmio Camões, uma das maiores honrarias da literatura de língua portuguesa.

Em 1996, Jorge Amado sofreu um edema pulmonar em Paris. Na volta ao Brasil, foi submetido a uma angioplastia. Depois, recolheu-se à casa do Rio Vermelho, com um quadro clínico agravado pela cegueira parcial, que o deprimiu por impedi-lo de ler e escrever.

O escritor morreu em agosto de 2001, poucos dias antes de completar 89 anos. Seu corpo foi cremado e as cinzas enterradas junto às raízes de uma velha mangueira, no jardim de sua casa, ao lado de um banco onde costumava descansar, à tarde, em companhia de Zélia.

A consagração e a recusa da glória

Ao longo das décadas, os livros de Jorge Amado foram traduzidos e editados em mais de cinqüenta países. Seus personagens viraram nomes de ruas, batizaram Jorge Amado 85 estabelecimentos comerciais e foram associados a marcas de vários produtos. O escritor foi tema de desfiles de Carnaval, freqüentou rodas de capoeira, envolveuse com questões ambientais e teve suas histórias recriadas por trovadores populares ligados à poesia de cordel.

Além do reconhecimento que o fardão de imortal da Academia Brasileira de Letras proporcionou, o escritor recebeu o título de doutor honoris causa em universidades européias e centenas de homenagens ao longo da vida. Mas orgulhava-se sobretudo das distinções concedidas no universo do candomblé.

Não à toa, o romancista escolheu o orixá Exu, desenhado pelo amigo Carybé, como marca pessoal. Trata-se de uma figura da mitologia iorubá que simboliza o movimento e a passagem. Exu está associado à trangressão de limites e fronteiras. A escolha indica tanto a filiação à cultura popular mestiça baiana como a valorização da arte de transitar entre universos sociais e culturais diferentes.

Apesar de sua amizade com personalidades de destaque — como Pablo Neruda, Mario Vargas Llosa, Oscar Niemeyer, Darcy Ribeiro e Gabriel García Márquez — e do amplo reconhecimento de sua obra, Jorge Amado recusava pompa ou grandeza à sua trajetória de vida.

Diz ele em Navegação de cabotagem: “Aprendi com o povo e com a vida, sou um escritor e não um literato, em verdade sou um obá”.

E mais adiante, anota: “Não nasci para famoso nem para ilustre, não me meço com tais medidas, nunca me senti escritor importante, grande homem: apenas escritor e homem”.

Fonte: www.biography.com/www.livrosparatodos.net/www.academia.org.br

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